“Quem dominar, na perfeição, a arte de saber estar, comunicar e receber levará a sua carreira ao próximo nível: a excelência profissional.”
Ao Link To Leaders, a empreendedora fala dos projetos que tem em mãos e dos planos para o futuro.
Mãe, advogada e empreendedora. Quem é a Joana Andrade Nunes?
Sou uma mulher que, diariamente, veste vários trajes com o propósito de fazer a diferença na vida dos outros. Sou mãe de duas crianças fantásticas; sou advogada (neste momento, apenas “de coração”, pois atualmente não exerço a minha atividade enquanto advogada); sou empreendedora; sou sonhadora; sou uma mulher determinada; uma mulher com defeitos e com qualidades; uma mulher com espírito empreendedor desde tenra idade; sou apaixonada pela arte de bem receber e por criar memórias e momentos felizes em família e entre amigos; sou apaixonada por comunicar, pelo dom das palavras sabendo que “a palavra certa, no momento certo” tem um poder mágico inigualável.
Sou uma mãe imperfeita que, diariamente, faz malabarismos e se reinventa para conseguir ser a melhor mãe para os seus filhos. Sou, como tantas mulheres no mundo, alguém que acredita, que todos – e cada um de nós – temos o poder-dever de transformar o mundo. Como? Em cada gesto diário! Sorrir genuinamente (ainda que, atualmente, seja apenas possível “sorrir com os olhos”) e cumprimentar o segurança que nos acolhe todas as manhãs quando chegamos ao escritório; utilizar a trilogia mágica “com licença, por favor e obrigada/o”. Quando colocamos um sorriso na face do outro, quando demonstramos que o respeitamos. Cada gesto diário é uma oportunidade de demonstrar ao mundo que o ser humano é – e continua a ser – alguém que vive em comunidade, que estabelece laços; que temos competências únicas inalcançáveis pela tecnologia de ponta.
Somos seres dotados de competências sociais, emocionais e comportamentais que nos permitirão garantir um papel diferenciador na sociedade tecnológica hodierna.
De que forma as suas experiências profissionais têm-na ajudado em alguma medida agora como fundadora da “Etiqueta Moderna e Protocolo”?
Aos 15 anos, fui passar as férias de verão a Londres com o meu tio paterno, tendo ficado inserida numa comunidade multicultural: ingleses, italianos, franceses, argentinos, brasileiros, indianos, ganeses! Uma experiência riquíssima que me fez perceber, de imediato, o poder das palavras, do tom de voz, da postura e da inexistência de uma linguagem universal de gestos e comportamentos.
Contudo, percebi também o facto de não conseguir comunicar no idioma de cada interlocutor não seria impeditivo de estabelecer laços com pessoas maravilhosas. Se cada gesto demonstrasse respeito e consideração pelo outro, dificilmente catalogaria as minhas palavras (ou a sua ausência) como rudes denotando falta de polimento.
Foi durante o meu percurso académico na Faculdade de Direito de Lisboa que o fascínio pela arte de saber estar, receber e comunicar foi aprimorado. Perceber o papel que o protocolo tem na nossa vida – não é um “vilão castrador”! -, que as regras de etiqueta têm um propósito nobre; que as palavras são “uma arma poderosa” que devemos utilizar com mestria.
Quando ingressei no mercado de trabalho – enquanto docente universitária na Faculdade de Direito de Lisboa e enquanto advogada – rapidamente percebi que no mundo académico e profissional altamente competitivo no qual estava inserida, seriam as soft skills que conseguiriam diferenciar os vários profissionais de excelência com quem colaborava.
O privilégio de contactar, profissionalmente, com culturas tão diferentes e fascinantes aguçaram o meu gosto por saber adaptar o meu comportamento, a minha forma de comunicar para que as nossas relações fluíssem com o menor ruído de fundo. Saber que chegar dois minutos atrasada a uma reunião com um alemão garantiria uma péssima impressão; e saber que o tempo em África tem, contudo, outro ritmo no qual as horas são “indicativas”. Se estivermos disponíveis para conhecer o outro e descobrir o seu contexto cultural, teremos maior facilidade em perceber a essência de determinadas decisões e comportamentos.
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Hoje em dia qual o fator diferenciador que permite a qualquer profissional construir e sedimentar uma carreira de sucesso?
Soft skills! É a arte de saber estar, receber e comunicar que permitirá a qualquer profissional, máxima para quem se paute pela excelência, diferenciar-se entre os pares. Atualmente, o mercado está repleto de inúmeros programas académicos de excelência: MBAs, LLMs, programas de liderança e gestão de equipas que, juntamente com um curriculum académico sólido, nos proporcionam competências técnicas fulcrais para que consigamos desenvolver a nossa atividade com rigor e seriedade.
Contudo, atualmente, apresentar excelentes competências técnicas não permite que nos diferenciemos dos nossos pares. Se analisarmos o curriculum dos vários profissionais que integram organizações de topo, constatamos que estão repletos de formações acadêmicas diferenciadas. Como pode ser feita a diferenciação?
Todos nós conhecemos profissionais brilhantes, academicamente fenomenais, com um QI invejável. Contudo, apresentam um quoficiente de inteligência emocional no polo oposto. São incapazes de comunicar com sucesso com outros; são incapazes de estabelecer relações sólidas e duradoras com clientes, colaboradores e parceiros.
Construir relações sólidas vai muito mais além do que estar dotado de excelentes competências técnicas. Saber ser empático; saber comunicar com o outro; saber recebê-lo com o coração e proporcionar-lhe uma refeição memorável; saber tratar o interlocutor pelo nome ao longo da comunicação; saber estabelecer e manter contacto visual; saber melhorar os nossos argumentos colocando os “gritos” de parte; saber escutar; saber liderar uma reunião; saber oferecer um café no momento exato; saber interpretar o que os gestos do outro comunicam ainda que permaneça em silêncio; saber que à mesa se revela a nossa essência e que, como tal, é um momento particularmente interessante para criar e reforçar laços profissionais.
A chegada ao mundo do trabalho confronta-nos com situações diárias para as quais não fomos preparados durante a faculdade. Quem dominar, na perfeição, a arte de saber estar, comunicar e receber levará a sua carreira ao próximo nível: a excelência profissional.
Quais os serviços que mais lhe têm sido requisitados?
Consultoria e formação individual, no âmbito do meu programa “Etiqueta e Protocolo Profissional”. As três grandes áreas que lhe dão vida – “Sou uma marca”, “A arte de comunicar” e “À mesa” – visam dotar cada profissional com ferramentas nucleares para construir e sedimentar uma carreira de sucesso.
Tal como um alfaiate cria “O” fato que empoderá cada profissional, faço questão de personalizar o programa ao contexto de cada cliente proporcionando uma experiência de “arte à medida” num ambiente de exclusividade e confidencialidade. Tenho o privilégio de trabalhar com pessoas com contextos pessoais e profissionais distintos – médicos, advogados, juristas, professores, arquitetos, engenheiros, gestores, CEO, empreendedores – que procuram alcançar uma melhor versão de si.
Pretendem construir (e/ou consolidar) a imagem pessoal e profissional; definir uma presença digital; aprender a adotar a postura correta; conhecer e saber interpretar o código de vestuário; comunicar com empatia, assertividade e rigor; aprender a causar uma boa (primeira) impressão; a estar com segurança e tranquilidade em qualquer ocasião independente do grau de solenidade envolvida. Em suma, querem descobrir e despertar o camaleão social “adormecido” transformando-se em seres carismáticos.
No âmbito social, a principal “preocupação” dos meus clientes é saber receber e saber estar à mesa, em especial num contexto formal. Nesse sentido tenho dinamizado a minha conta de Instagram na qual desperto o cidadão comum, de forma leve e assertiva, para a necessidade de polir o nosso comportamento em qualquer ocasião.
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A Joana defende que as refeições profissionais são um teste às nossas competência sociais. Por que é que o estar à volta da mesa tem para si uma importância fundamental?
Se, durante breves minutos, analisarmos o número de negócios, transações, operações e processos de recrutamento em que estivemos envolvidos e contabilizarmos o número de refeições profissionais que cada ocasião envolveu, facilmente percebemos a importância de saber estar à mesa.
À mesa, todos temos um elo que nos une: satisfazer a necessidade biológica de nos alimentarmos para sobreviver. O poder da partilha da refeição, de alimentar e cuidar do outro faz parte da herança cultural do Homem. São Tomás de Aquino resume, brilhantemente, em breves palavras, a essência de estar à mesa: “é a primeira arte, alimenta os mortais”.
Negócios de especial importância e processos de recrutamento de cargos diferenciados envolvem uma refeição onde serão testadas as competências sociais. Falamos, claramente, da mesa do poder, da mesa da sedução negocial; da mesa que nos permite revelar a essência do outro.
Lembrando as palavras de Brillat-Savarin, “As refeições oficiais tornaram-se uma forma de governar”. Porquê? A partilha da refeição, enquanto ritual coletivo, tem um papel fulcral na definição do ser humano. A “diplomacia do estômago” entra em ação deslumbrando e seduzindo com iguarias memoráveis. É também uma forma de governação subtil poderosíssima. É a mesa da integração ou, pelo contrário, a mesa da exclusão; é a mesa que se transforma em centro de tomada de decisões ou, simplesmente, utilizada para reforçar e sedimentar relações ao longo da vida.
Negociações e relações entre Estados e entre organizações envolvem banquetes que permitem receber o outro e, em simultâneo, demonstrar o poder de cada interveniente. Uma refeição cuidada tem o poder de confortar a alma; de predispor os nossos convidados a escutar o que temos para dizer; de conquistar a sua confiança e, acima de tudo, de vislumbrar o “verdadeiro eu”.
À mesa, ainda que no âmbito profissional, estamos mais descontraídos. O peso da negociação é colocado parcialmente em standby e, enquanto partilhamos a refeição, estamos propensos a revelar quem somos verdadeiramente.
A escolha do local de refeição fora da organização não é, obviamente, inocente. Se, por um lado, se pretende proporcionar um momento aprazível, o decurso da refeição num local externo facilitará a “alteração do chip mental” para o âmbito social. Como tal, o verdadeiro “eu” de cada interveniente será, com maior facilidade, revelado.
A forma como entramos no restaurante, como nos dirigimos ao empregado de mesa, como gerimos um acidente à mesa, como conseguimos, habilmente, conversar com os vários intervenientes é testado milimetricamente. As situações clássicas de alguém tratar com aspereza o empregado de mesa ou de se “incompatibilizar” com o sommelier por não partilhar da mesma opinião sobre o vinho sugerido são fatais. Um “passo em falso” demonstra quem somos verdadeiramente dotando o outro de informação valiosíssima que não é passível de avaliar no curriculum. Estará, então, na posse de vários elementos que lhe permitirão, com clareza, decidir se somos o cliente, o colaborador ou o parceiro que pretende ter ao seu lado.
Por outro lado, se soubermos identificar e utilizar cada peça corretamente, não transportaremos o peso da insegurança, da desconfiança e da ansiedade que assombra muitos quadros diferenciados. As refeições profissionais decorrem, habitualmente, em ambientes formais nos quais se espera um comportamento irrepreensível. São servidos vários pratos e, como tal, são apresentadas inúmeras peças para que seja possível degustar cada alimento devidamente. A presença de mais talheres, de mais copos e de várias dinâmicas, implica que cada elemento “saiba dançar ao ritmo da música”.
A desconfiança e o “pânico” que envolvem as refeições formais são facilmente ultrapassados conhecendo as regras de etiqueta à mesa. Se soubermos o que fazer, quando e como, estamos mentalmente disponíveis para nos concentrarmos no mais importante: partilhar a refeição com quem está na nossa mesa construindo e reforçando relações.
Sermos conhecedores das regras de etiqueta à mesa permite que estejamos com segurança e tranquilidade em qualquer ocasião.
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Leia a entrevista completa no site “Link to Leaders” aqui:
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