É recorrente ouvir os pais – numa tentativa de introduzir alimentos novos aos filhos que eles próprios não apreciam – tentar introduzi-los qualificando-os, antecipadamente, como não sendo do seu especial agrado.
“Eu sei que os brócolos não são muito bons, pois não? Só tem de comer um.”
JAMAIS devemos utilizar este estilo de apresentação-catalogação de alimentos, em especial se são desconhecidos da criança pois irá comprometer uma avaliação isenta.
Nunca devemos catalogar um alimento como mau: lembrem-se que a criança nunca experimentou o alimento que nós possamos não apreciar. Como tal, se não lhe for transmitida uma ideia preconcebida de que o alimento “tem um sabor mau”, a criança vai explorar e descobrir, na plenitude, o seu sabor.
Raramente pergunto aos meus filhos se apreciaram uma receita/alimento novo; pelo contrário, pergunto-lhes como é a textura (macia, áspera, dura, se é crocante, suculento), o sabor (doce, salgado, amargo, agridoce) e se sabem qual é o “super-poder” que tem para ajudar o bom funcionamento do nosso corpo.
Se pensarmos em adjetivos que qualifiquem cada alimento, fomentamos não só o espírito crítico da criança – que aprende a exprimir-se e a avaliar um alimento – facilitamos a introdução de alimentos que, teoricamente, são rejeitados pela maioria das crianças e expandimos o léxico da criança.
Esta abordagem tem permitido que os meus filhos, desde início, sejam verdadeiros apreciadores de ervilhas e dos tão temidos brócolos.
Nesta fase – com 3 e 5 anos – sabem qualificar os alimentos e exprimir a sua opinião: apreciam ou não apreciam!
Quando não apreciam algum alimento, sabem dizer porquê: a casca é dura e tenho dificuldade em mastigar, tem um sabor ácido que não aprecio (ou um sabor demasiado doce e fico nauseado) não catalogando o alimento como mau ou, simplesmente, “não gosto”.
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